quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Revista Old School







Um poderoso Mustang estaciona desleixadamente em frente a um bar. E, de repente, alguém entra chutando a porta  do lugar para convidar uma geração inteira a se libertar da tradição dos bons costumes. Não era Jesus, não era Messias. Era Jim Morrison, que pede uma dose Bushmills, - embalado pela frase “If the doors of perception were cleansed, everything then would apperar to man as it truly is infinite” do visionário poeta William Blake. A cada gole de Bushmills, Morrison entrava numa espécie de êxtase e compunha letras de alto nível pirofagista ou interpretava de forma única outras– como a música Alabama Song cujo subtítulo é Whiskey Bar – uma viagem muito bem adaptada do trecho de uma ópera chamada “Ascensão e Queda da Cidade de Mahagonny” onde a personagem principal (Jenny) vaga de um lado para o outro ansiosa a procura de um Whiskey Bar.  Jim gostava tanto desse uísque que ficava bem parecido com Jenny e não é à toa, pois Bushmills é destilado três vezes com a água mais pura das grutas mágicas dos confins da Irlanda. Seu sabor é adocicado assim como seu aroma de mel com notas tostadas, parecidas com o perfume das groupies. Morrison gostava de degustá-lo – e gostava de fazer o mesmo com as groupies também, claro – com bastante gelo e outros “ apetrechos “.

Mas pra quem pretende ter uma experiência um pouco  mais “Whiskey in the Jar” pode aumentar o som e cantarolar junto com os fabulosos do Thin Lizzy para degustar esse elixir dos deuses à seco como um verdadeiro Cowboy. Dizem as más línguas de Massachussetts que a letra dessa música é baseada na condenação de um soldadoirlandês que assaltou alguns oficiais britânicos. Bom, picuinhas a parte, os jovens do Metallica, também chegados ao bom e velho afago do álcool, não deram a mínima para isso e regravaram esse hit em meados de 1998 - quase 20 anos depois numa versão regada a riffs sólidos. Além dos Thin Lizzy, esses jovens também tiveram grande influência de uma banda chamada Led Zeppelin. E o que os lunáticos do Zeppelin tinham de beberrões tinham de brilhantes. Não foi por mero acaso que a banda foi considerada a melhor banda de rock dos anos 70. Como os caras bebiam de tudo, o jeito é quebrar a cabeça e pensar uma bebida que chegue ao mesmo patamar de Stairway to Heaven. Com certeza, a charmosa Grey Goose se encaixaria perfeitamente na qualidade dos acordes de Jimmy Page. Com um sabor amanteigado, essa vodka passa a exata sensação de  “Open your arms, opens your arms. Open your arms, baby, let my love come running in oh yeah“. 

Agora, para quem quer ir um pouco além, talvez até marchar por melodias mais brutas e exóticas, e não menos brilhantes, o jeito é questionar se God is Dead junto com o Black Sabbath e um boa dose do medieval de Château Lafite Rothschild. Esse tinto tem um sabor cítrico com amêndoas, seu gosto é tão potente quanto as marteladas que Bill Ward dava nos pratos de sua judiada bateria. Só não pode brincar feito o Osbourne e exagerar nos pileques, pois até mesmo Ozzy, o fundador do Sabbath, fora expulso por conta de apreciar perfume como se fosse margarita. É mole? Pior que o moço está vivo e deve passar por essas terras tropicais com os senhores do Sabbath – menos com Ward, que não pode participar da turnê, pois foi considerado muito obeso para aguentar o ritmo dos shows. Talvez o príncipe das trevas seja mesmo um Iron Man, afinal de contas aguentar tanto etílico no corpo não é pra qualquer um. E qual será a entidade do mal que influenciou esses destruidores do romantismo hippie da época? É de se pasmar, mas foram eles, os queridinhos de Liverpool: The Beatles. De bom, esses quatro delinquentes só tinham o plano de perpetuar o desregramento da moral entre os jovens da época. Com o álbum Revolver, parece que os caras estavam querendo apontar o dedo na cara de todos que os amavam por conta da doce I Wanna Hold Your Hand. Pelo fato de  usar um brinquedo de criança para camuflar suas traquinagens com prostitutas em uma letra de música, é muito justo se aproveitar de uma refrescante e amarga Saffron-tônica para ouvir a melodia da confusa Helter Skelter. Saffron é um gim francês feito com açafrão cujo sabor é um tanto quanto trapaceiro, e surpreendente.

A conclusão dessa sintonia anacrônica é que, graças ao Beat, de Beat Generation, dos Beatles e a grande confusão mental causada por Helter Skelter no famoso assassino Charles Manson, surgiram as duas maiores bandas de punk rock  que fundaram o estilo mais sujo e rápido do rock and roll. Ramones e Sex Pistols pareciam bebês prematuros e deformados que nasceram para chocar e enaltecer a juventude perdida. É inevitável pensar em cerveja quando o assunto é Ramones e Sex Pistols, certo? Provavelmente por conta daquela velha história em que Johnny Ramone conta quando urinou na cerveja de Johnny Rotten quando ele foi dar um inocente "oi" aos garotos de Forest Hills ou simplesmente pelo fato de que tanto a cerveja quanto os três acordes do punk rock representam o lado mais simples e honesto do Rock and Roll. Por isso, nada mais justo do que acelerar o coração com Teenage Lobotomy dando umas boas goladas na Pliny The Elder. Lupo forte e amarga na medida – e, diferentemente dos Ramones,  essa cerveja tem um cheiro muito agradável. Ou experimentar a leve e inocente inglesa Abbot Ale que contrasta bastante  com a bagunça contagiante de Pretty Vacant dos Pistols. E não se pode esquecer da suave jamaicana Red Stripe que cai muito bem com a batida reggae do som de Police and Thieves do The Clash.

Love Kills 

O lance é que o rock pode libertar, uma dose pode acalmar, um gole pode relaxar, mas o vício pode afundar. Enquanto algumas bandas nascem do acasalamento do Rock and Roll com o álcool, muitas, e até mesmo as mais inteligentes e criativas, acabam por conta do gosto pela autodestruição. Muitos rapazes bons e talentosos morreram por esse motivo - como Keith Moon, Jimi Hendrix,  Bon Scott, Johnny Thunders, Tommy Bolin, Sid Vicious, Steve Took, entre outros. Mas fica a eterrnização desses mestres em seus talentos e atitudes, que acabam renascendo a cada riff bem sincronizado com um vocal potente no melhor estilo Bruce Dickinson de ser. Esse garoto é só orgulho, além de ter feito a lição de casa bem feitinha ao levar o Iron Maiden a topo da música de qualidade, fez de sua paixão pelo álcool um empreendimento e acabou lançando sua própria cerveja chamada de Trooper,  referência ao clássico do álbum Piece of Mind. Do jeito que a coisa anda,  o rumo desse open bar nostálgico vai precisar de muito mais estoque, bom papo e vinil. Cheers !


5 motivos nada fashions para se usar calça legging









Alguns chatos sempre me perguntam porque eu só uso calça legging. Então vamos aos motivos:

1) eu como igual a um bebê rinoceronte

2) eu bebo igual a um caminhoneiro tarado

3) calça legging disfarça as gordurinhas

4) estica que é uma beleza

5) sou igual ao Robin Hood (que usa legging verde): só dou pra pobre.

Respondido, peruas?! Bessos!

Roteirista frustrada, redatora dedicada

Deus não me fez com seios fartos, bunda redonda e altura de pavão. Com esse físico nada onipresente e um cérebro mediano, eu tinha duas escolhas na vida: ser prostituta no Brás ou escrever. Como sou preguiçosa, optei por escrever.

Meu lado mulher sempre fez eu querer me expressar demais, meu lado homem sempre me mandou calar a boca. Graças a lei Maria da Penha, resolvi mandar esse meu lado homem enfiar os dedos no próprio rabo, então decidi assumir de vez o meu lado neurótica de ser. Sabe, pra mim escrever é acabar com a censura interna. Eu já acordo censurando as roupas que vou usar, passo a tarde censurando o que vou falar para as pessoas e termino me censurando na hora de dormir - afinal carboidratos engordam. Como diria Lispector: "Escrever é como cagar, alivia e evita que a merda vá até a cabeça".

Aos 18 anos não sabia bem o que queria da vida. Fiz tanta merda nessa época que até casei com o meu primeiro namorado. Já casada, fui morar com ele no Japão e devido as nossas brigas comecei a escrever num blog sobre elas. Lá eu podia zoar bastante o meu ex-marido através de metáforas, verdadeiras figuras!
Depois de terminar o meu casamento, voltei ao Brasil e comecei a me alfabetizar de novo. Entrei num cursinho, comecei a ver mais filmes do que já via, comecei a ler  Dostoiévski.  Através desse rapaz maroto e problemático, com qual me identifico muito, percebi que o mundo é um grande marketing. Todo relacionamento envolve troca, jogatina e muito jogo de cintura. Queria muito ser escritora, roteirista e essas coisas, mas eu gosto de comer bastante - e a gente sabe que só com muita sorte e genialidade à la Woody Allen é que se pode comer bem.

Aí um belo dia estava fuçando no Youtube da vida e vi um comercial  da Coca Cola chamado Big Splash, feito pela Ogilvy. A parada misturava um universo lúdico malucão e tinha como trilha sonora o vocalista da minha banda favorita, The Ramones, fazendo cover da música What A Wonderful World do Louis Armstrong. Embora tenha achado a assinatura fraca, logo pensei clichezadamente "É isso que eu quero fazer, cara". Prestei vestibular pra ESPM e pra FAAP porque sabia que as duas eram fodas no mercado, mas como eu sempre tive esperanças de ser roteirista, pensei que a FAAP seria mais interessante por ter um curso de cinema fodido. Tudo jogatina dostoievskiana dessa mente! Quando comecei a fazer o curso de publicidade na FAAP, entrei meio que na paranoia com o meu lado adolescente - afinal tive uma fase punk, grande parte da minha ideologia e do meu conhecimento musical veio dessa cena.

Bom, vamos acabar com esse lero-lero todo e terminar a minha apresentação logo. Nunca fui dentro dos padrões em nada, nem na minha família, nem amigos, nem na ordem cronológica da vida. Como um dia eu precisarei me sustentar sozinha, resolvi virar uma profissional da crianção para também entender o mundo através de sua própria estrutura: a propaganda. Afinal a ideologia do ser humano é buscar sempre uma fuga da realidade, não é mesmo? Eu, como todo ser humano, adoro usar o entretenimento pra fazer isso. Então por que não usar essa minha vontade de criar para, de certa forma, deixar essa fuga um pouco mais emocionante. É tipo tunar um carro: ele está ali todo cru, aí eu vou lá e o deixo mais coloridão e charmoso. As pessoas gostam de carro - e as especiais de rock 'n' roll. Cheers!