sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Feliz 2012





Preciso saber por qual motivo lutar.
Busco respostas em todos bares.
Sou uma alma vazia num corpo cheio de álcool.
Todos precisam envenenar seus corpos pra viver, não é mesmo,
ou você acha que Coca-Cola faz bem;
ou que o Mc Donald´s quer ajudar as criancinhas
com seus lanches anticâncer;
ou que a sua terapeuta quer lhe ajudar 
sem estar interessada no seu dinheiro?
Pertenço à geração preguiça-de-lutar.
Lutei contra o meu cartão de crédito
resistindo àquele vestido lindo.
Lutei contra a ditadura da magreza
bebendo toda água dos setes mares.
Eu vivo num lugar onde pessoas sem casa enfeitam as ruas,
onde o cheiro da solidão perfuma o estress,
onde mísseis endividadores acertam cem mil pessoas por dia.
Senhor, o inimigo parece invisível!
Ele é aquele que joga xadrez com a Rede Globo?
Ele é aquele que fuma charuto cubano?
Ele é aquele que se veste de bom velhinho?
Ele é aquele que come caviar enquanto seu povo come barro com sal?
Ele é aquele que separou a direita da esquerda?
Seria você, Deus?
Eu não sei, juro!
Cansei!
Vou comprar meu vestido branco,
pois o Ano Novo está chegando.
É aquilo...
Se você não pode com ele,
junte-se a ele.
Feliz 2012.


sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Pai, filha e o sucesso





Maria Ribeiro da Conceição tinha 18 anos quando pediu emprestado 15 mil reais a seu pai, o senhor Alberto. Naquele momento, o homem estranhou o pedido da filha. Afinal de contas, a garota sabia que ele não tinha todo esse dinheiro sobrando. Mas resolveu lhe perguntar o motivo do empréstimo. A menina havia respondido que queria ser financeiramente independente. Ter o próprio negócio. Ser alguém. Senhor Alberto ficou embasbacado, e ao mesmo tempo orgulhoso com aquela situação. Ele achava que a menina era um tanto quanto fútil, que, embora nunca se conformara com a vida de classe média baixa que levava, não fazia nada para mudá-la. Feliz com a  ambição da filha de se tornar uma empresária, vendeu o carro e logo tratou de lhe emprestar o dinheiro.

Dias depois a garota foi internada num hospital. Desesperados, seus pais correram até lá. Ao entrarem no quarto onde a garota estava, encontraram-na toda enfaixada. A menina sorriu e lhes disse que não precisavam se preocupar. Contou-lhes entusiasmada que colocou 500 ml de silicone em cada seio, esculpiu a cintura e modelou o nariz. Revoltado, o pai gritou de tal maneira que até um surdo poderia ouvir.  Aos berros afoitos, o velho disse que sentia vergonha de ter uma filha vagabunda assim, e que só não lhe dava uma bofetada porque tinha nojo de encostar na deformidade dela. Inconformada, a mãe apenas chorava.

Triste, a menina decidiu se recuperar na casa de uma amiga até as coisas esfriarem. Finalmente recuperada, retorna à casa de seus pais. No entanto, sua chave já não cabe mais na fechadura, suas malas estão feitas e seus pais não a veem mais como filha. Maria chora e vai embora dizendo que não estava mentindo, e que o dinheiro fora realmente investido em um negócio.

Oito anos depois, senhor Alberto se encontra assistindo a um programa de televisão - destes sensacionalistas. A apresentadora noticia o casamento luxuoso de Flora Schimleck, ex-dançarina de 26 anos, com o empresário milionário Douglas Schimleck Lages de 75 anos. Esforçando ao máximo sua vista, senhor Alberto reconhece sua filha. O velho chora, mas não sabe se é por vergonha ou felicidade.