segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quero desrespeitar a vida




Voltar a ficar sem minha mãe me causou uma grande tristeza, mas foi em meio a prantos e lamentações que me veio a lembrança da família Ramos.


Num de seus piores infortúnios, essa me consolou com piadas altamente chocantes sobre sua própria tragédia - daquelas que não se deve contar nem em velório de político safado. Eu sabia que as pessoas dessa família estavam sofrendo, mas que venceriam todos os caprichos maldosos da vida com suas felicidades e otimismo. Então isso logo me confortou.


Quer saber? Nestas horas, fodam-se os filósofos, os poetas e os religiosos. O que realmente importa é a sinceridade dos lábios das pessoas, que conseguem vivenciar todos os sentimentos - como se usassem uma espécie de filtro feito de bom humor.


Um dia quero ser assim também. Quero alegrar as pessoas mesmo estando triste como estou. Quero refletir honestidade. Quero rir de mim mesma. E, principalmente, quero tirar sarro de todos os meus problemas. 


Afinal, um dia vou embora - vai saber pra onde, quando e como. Eu não quero ser aquela que só contribuiu com o estresse amargurado do sistema e aceitou a submissão da tristeza. Quero ser aquela que desrespeitou a vida.