quarta-feira, 18 de julho de 2012

Doce vida de cão



Eu tenho um lar?
Eu tenho um lar!
Meu lar é onde meu cachorro está.
E se ele estiver na rua?
Então na rua é onde devo morar.
E se ele estiver em um abrigo?
Então é lá onde o meu coração ficará.
E se estiver no Congresso Nacional  do Brasil?
Ora, tirá-lo-ei de lá.
Mas e se insistir em ficar por lá?
Que morra!


Ceráceo - suja nostalgia



Pode parecer anormal e soar como um filme Z trash e muito podrão, mas o que me veio à mente foi uma das cenas mais bonitas da minha infância: minha mãe sentada no sofá e eu deitada com a cabeça sobre suas pernas, aí ela começa a cutucando meu ouvido com um grampo para tirar aquele ceráceo nojento e fedido de dentro dele.

Não sei por que raios esse flash rolou na minha mente, só sei que me fez sorrir. Parece sujo e imoral - imoral porque hoje em dia as revistas de saúde dizem que não se deve cutucar o ouvido de uma criança com um grampo, mas isso é bullshitagem, eu estou bem "ouviva". 


Mas agora minha cera é inventada. Sempre que alguém fala merda, eu finjo que estou com o ouvido transbordando ceráceo.


Moral do post: não limpe o ouvido.

Coração digital




1024 Megabytes de alcateias enfurecidas
dominam, destroem e devoram uma geração
à cada 12 bits por segundo.

Antes uma geração esquecida,


depois uma geração perdida,


Agora uma geração cyber-autorizada:


 cyber cook, cyber shot, cyber life.


Relacionamentos à moda monetária-computadorizada.

segunda-feira, 9 de abril de 2012

Quero desrespeitar a vida




Voltar a ficar sem minha mãe me causou uma grande tristeza, mas foi em meio a prantos e lamentações que me veio a lembrança da família Ramos.


Num de seus piores infortúnios, essa me consolou com piadas altamente chocantes sobre sua própria tragédia - daquelas que não se deve contar nem em velório de político safado. Eu sabia que as pessoas dessa família estavam sofrendo, mas que venceriam todos os caprichos maldosos da vida com suas felicidades e otimismo. Então isso logo me confortou.


Quer saber? Nestas horas, fodam-se os filósofos, os poetas e os religiosos. O que realmente importa é a sinceridade dos lábios das pessoas, que conseguem vivenciar todos os sentimentos - como se usassem uma espécie de filtro feito de bom humor.


Um dia quero ser assim também. Quero alegrar as pessoas mesmo estando triste como estou. Quero refletir honestidade. Quero rir de mim mesma. E, principalmente, quero tirar sarro de todos os meus problemas. 


Afinal, um dia vou embora - vai saber pra onde, quando e como. Eu não quero ser aquela que só contribuiu com o estresse amargurado do sistema e aceitou a submissão da tristeza. Quero ser aquela que desrespeitou a vida.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Deus existe, mamãe?



O garotinho Leonardo Lipovestsky, que está naquela fase de questionar tudo, pergunta à sua mãe:
 -Mamãe, Deus existe?

Com toda serenidade do mundo, a mulher  responde:
 - Claro, Leozinho, meu filho.

Confuso, Leonardo, indaga:
 -Ué, por que ele não ajuda quem tem fome, mamãe?

E a mulher responde:
 - Ora, Leozinho, é porque, assim como todo criativo, Deus é esquecido, tem dislexia. Ele fica muito ocupado praticando brainstorm. Um dia ficou tão ocupado com isso que criou o ornitorrinco, acho que nem ele sabe pra que serve aquele bichinho. É por isso ele esquece de algumas coisas de vez em quando, mas, fundo, ele é uma boa pessoa. Só é meio relaxado.

Leonardo rebate com outra pergunta:
 - Mas, mamãe, por que ele não manda os ajudantes dele ajudar a quem precisa?

A mãe explica, com a calma de sempre:
 - Leozinho, devem existir mais de 7 bilhões de pessoas no mundo inteiro. As pessoas boas que morrem viram anjinhos e ajudam as pessoas que estão vivas. Mas vamos combinar que não existem muitas pessoas vivas a fim de ajudar os outros, né? Quando morrem, estas pessoas desgraçadas só querem saber de ficar na farra, aí os anjinhos ficam sobrecarregados e não dão conta de ajudar todo mundo que precisa.

Leozinho, indaga assustado:
- E agora, mamãe? O que faremos?

A mulher abraça o garotinho assustado e responde:
- Filho, somos todos reflexos de Deus. O jeito é tomar metade de um prozac, tomar uma pinguinha e esquecer das coisas.